sábado, 30 de abril de 2011

Fredric Litto critica postura da USP em relação à EAD

Interessante a matéria a seguir. Mostra que a elite paulistana, ou melhor, a elite brasileira, ainda não está preparada para o ensino a distância.


O desfecho do VII Workshop Núcleo de Pesquisa e Tecnologia (NPT) Educacional, realizado em Ribeirão Preto e vinculado à Universidade de São Paulo (USP), teve um tom inesperado, com críticas severas à própria instituição de ensino realizadora do evento. Na tarde de quinta-feira, 5 de novembro, coube ao presidente da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), Fredric Litto, o encerramento do encontro realizado ao longo do dia. E partiram dele as mais severas críticas à universidade.
“A USP fez greve contra a EAD. Seus alunos se mobilizaram contra isso de forma desinformada, no melhor estilo ‘não vi e não gostei’. O problema é a postura elitista da comunidade acadêmica em geral”, afirmou ele, numa referência geral às universidades públicas paulistas que, somente após anos de uma postura reticente, começam agora a investir na modalidade. A Unesp, por exemplo, já abriu, via Univesp, oferta de 1.350 vagas para graduação de professores em EAD. No entanto, o início de ações semelhantes na USP ainda sequer têm data prevista de execução.
O próprio coordenador do NPT, professor José Dutra de Oliveira Neto, fez coro às críticas do presidente da Abed, que já esteve à frente da Escola do Futuro, da USP. “Nós, do NPT, fazemos parte da Universidade de São Paulo mas, daqui de onde estamos, de Ribeirão Preto, nem sempre podemos nos mobilizar contra a postura conservadora da instituição. Um dos exemplos é a exigência, agora em pauta, de que os cursos EAD tenham 60% de carga presencial e apenas 40% de atividades a distância. No meu entendimento, esse esquema não caracteriza a EAD. Isso, para mim, é uma proposta de ensino presencial”, criticou Dutra.
O conservadorismo das universidades públicas foi destacado como um descompasso entre essas instituições, consideradas de ponta, e a tendência de revolução na área da aprendizagem. “A única coisa permanente hoje é a mudança”, afirmou Litto ao explicar a necessidade de atualização constante exigida pela sociedade do conhecimento. Segundo ele, foi-se o tempo em que o professor era fonte única de aprendizado.
O presidente da Abed destacou que para além dos termos pedagogia e andragogia, que referem-se a educação de crianças e adultos, respectivamente, há o conceito de heutagogia, que refere à autodescoberta. “O aluno mesmo decide o quer estudar”, explicou. Outro item abordado por Litto foi o perfil ativo que o estudante passa a ter no ensino a distância. “O que o aluno quer é bom conteúdo, bem organizado e com interatividade”, ressaltou.
Fredric Litto apontou que a educação deve crescer até ser o quarto grande setor econômico mundial, ao lado da agricultura, indústria e serviços. As ferramentas existentes para auxiliar o ensino a distância passam pelos objetos de aprendizagem e pelos recursos educacionais abertos, como revistas, periódicos, mapas, artigos. No entanto, ele alerta para o perigo da geração Google, que faz uma leitura superficial dos textos. “Materiais complexos exigem isolamento e compreensão”, explicou o presidente da Abed.
Litto também traçou o perfil de um estudante a distância. Segundo ele, “a EAD não é para qualquer um. O aluno que depende de cobrança ou elogios só serve para o presencial. Para utilizar a EAD é preciso ser motivado e autodisciplinado”. Ao ser questionado sobre como deve ser o trabalho do tutor, o presidente da Abed argumentou que não é preciso ter títulos acadêmicos para assumir essa função. “Cada instituição deve ser autônoma para formar o seu tutor, pois não existe um padrão”, concluiu.

Que a Educação a Distância é uma realidade no ensino superior no Brasil, ninguém pode negar, porém até que ponto esta auxilia no aspecto democrático do acesso ao ensino universitário no país?
A EAD (Educação a Distância) é uma modalidade excelente de ensino, falo isso com conhecimento de causa, já que atualmente curso Pedagogia pelo programa do Ministério da Educação – Universidade Aberta, pela Universidade de Brasília. Claro que para fazer qualquer avaliação também preciso ter o conhecimento de causa do ensino presencial, o qual também possuo, já que sou formado em Direito. Agora a pergunta crucial: se eu pudesse escolher para minha filha: um curso presencial regular ou um curso a distância, qual eu escolheria?
Sem falsas demagogias do tipo: “depende do objetivo”, ou qualquer coisa do tipo. Apesar de ser totalmente avesso a tecnologia envolvendo redes sociais, me propus a abrir esse espaço para tentar ser o mais franco possível, não só para mim, mas também para quem quiser “perder seu tempo” lendo minhas idéias e opiniões. No final pretendo dar uma resposta a minha pergunta acima.
Os intelectuais, ou mesmo os professores da própria UnB, em minha opinião, nunca dariam qualquer opinião contrária ao ensino não presencial, porém peguem toda a grande de funcionários-professores da UnB e façam uma pesquisa de quantos possuem seus títulos de especialização a distância. Será que existem pelo menos 30% dos professores com alguma especialização nesta modalidade? Sinceramente duvido!
 Sabe qual é a realidade que a elite deseja que pensemos sobre o ensino a distância? A mesma do ensino profissionalizante! Quantas vezes já não vimos algum político falar na televisão: “o ensino profissionalizante é excelente para o país.”, mas veja quantos colocaram seus filhos em uma escola técnica, em vez de uma faculdade. Logo, em público vemos vários intelectuais discursando em prol da EAD, porém tenho certeza que em casa o discurso para os filhos é outro. Queria ver o filho do Fernando Haddad (para quem não sabe o ministro da educação, são tantos que eu me confundo) chegando em casa e dizendo: “pai, passei no vestibular para um curso em modalidade EAD, não vou mais estudar no Mackenzie como você queria”, ou mesmo o filho do reitor da UnB dizendo isso para ele.
Infelizmente, apesar de encarar que a EAD realmente tem uma parcela para a democratização do ensino, isso acabou por virar uma desculpa para todo e qualquer discurso. Que se abra novas universidades estatais, que se aumentem as vagas nas já existentes (o que vem acontecendo, pelo menos na UnB) e que se pague um salário decente aos professores universitários. Seria mais digno oferecer a oportunidade que queremos para nossos filhos a todos os demais, ou seja, a possibilidade única de vivenciar um ambiente universitário de qualidade. A EAD deveria ser voltada para pessoas que não tem condições reais de se descolar até uma universidade por motivos profissionais. A EAD é coisa séria e boa, porém não merece servir de propósitos ideológicos e nem servir de política educacional motivadora de desculpas.